Teatro imediato!

Sábado, 14 de julho. Praça da Savassi. Grupo Avesso, Zap 18, Denise Pedron. 6 atores (ou performers) andando em câmera lenta. Os transeuntes sem entender o que acontecia. Alguns desviavam, alguns buzinavam, alguns reclamavam, alguns gostavam. Às vezes um dos atores parava e pedia uma ajuda. O segurança da loja disse pra ele parar de pedir dinheiro e como não era dinheiro o que ele pedia, ganhou vários abraços. Outro ator se abaixava de repente e amarrava e desamarrava o sapato: uma moça disse 'tá vendo, isso é teatro, aquele ali tá fingindo que amarra o tênis...' Cada ator tinha uma ação repentina: catar lixo, doar palavras, gritar, tentar uma conversa... Uma pergunta: 'pra quê tanta pressa?' Pronto: final do primeiro quarteirão, agora é hora de atravessar a rua. O sinal abre para os pedestres e eles começam a travessia. Mas o sinal pisca. E quando abre para os carros eles não estão nem perto do canteiro central... E atravessam. Em câmera lenta. Uma moça passa com a filha que pergunta: 'que isso mamãe?' e ela responde: 'performance, filhinha!'. Sensacional. Na terceira rua a ser atravessada uma senhora que passava por lá propõe 'vamos entrar também!?' Nos próximos cruzamentos ao invés de 6, haviam 10, 15 pessoas atravessando em câmera lenta. As reações das pessoas foram um capítulo à parte para nós que sabíamos o que estava acontencendo e estávamos lá para observar. Mas um comentário, particularmente, me emocionou. Num momento em que eu também era um dos 'câmera-lentas' que atravessavam a Cristóvão Colombo com o sinal aberto, eu escutei atrás de mim: 'O que é isso? É campanha pra melhorar o trânsito? Se for campanha eu vou entrar?' E a resposta: 'Sei lá... mas vamo entrar sim,´porque isso aqui prova, que quando o povo quer fazer uma coisa junto, ele consegue!'

Michelle Gonçalves